O Luto por um Amigo Querido: Aprendendo a Viver e Respeitar o Processo

luto por um amigo

O luto por um amigo é diferente daquele que vivemos por um familiar ou companheiro?

Em um artigo de janeiro de 2023, o professor da Faculdade de Medicina da USP, Arthur Guerra, comenta como o luto por um amigo pode ser dificultado por aquilo que ele chama de “hierarquia do luto”. Ou seja, a perda de uma amizade (e o luto por um amigo) é visto como menos pior que a perda do familiar ou companheiro.

Sabemos, no entanto, que encarar as coisas dessa forma pode ser, na verdade, uma armadilha e servir apenas para tornar um processo tão doloroso ainda mais difícil.

Neste artigo de hoje do Blog do Grupo Zelo, conversamos sobre a experiência de vivenciar o luto por um amigo, como viver este processo respeitoso a nós mesmos e como olhar para os famosos estágios do luto. Boa leitura.

Entendendo o sentimento de luto por um amigo

Quando falamos de luto, estamos falando, na maioria das vezes, da morte de alguém próximo. Muitas vezes, as pessoas acham que esse estado é comum apenas com familiares. Mas, o sentimento de luto também é uma realidade em outras relações, como a de amizade.

A autora norte-americana E. A. Bucchianeri certa vez disse que “o luto é o preço que paga por amar”. E nós somos capazes de amar não apenas ligados a nós por um laço de sangue. Também amamos aqueles que encontramos ao longo da vida e decidimos, por vontade nossa, compartilhar partes da nossa vida por meio da amizade. “Amigos são a família que escolhemos”, diz o famoso ditado, não é mesmo?

“O luto é o preço que se paga por amar”

E. A. Bucchianeri

A importância das amizades

Uma revisão de estudos feita pela Brighton Young University (e reproduzida pelo portal ViverBem do UOL) concluiu que o impacto da falta de amigos na longevidade pode ser comparado àquele de 15 cigarros por dia e do abuso de álcool. Não ter amigos encurta nossa vida.

Então, entender o sentimento de luto por um amigo passa, primeiramente, por aceitá-lo como legítimo. O luto por um amigo ou amiga será ainda mais cruel se o enlutado não se permitir vivê-lo porque era “apenas” uma amizade e não um familiar.

Um luto que não se permite ser vivido não é um luto superado, mas adiado. Ainda, estamos falando de um processo que é individual, particular e único. Pessoas criadas de maneira similar podem vivê-lo de maneira distinta, assim como uma mesma pessoa pode viver o luto diversas vezes ao longo da vida e cada uma será única.

Isso não quer dizer que devemos viver eternamente enlutados pela perda, mas que as comparações (com outro ou consigo mesmo) pouco bem fazem. Por outro lado, é preciso encarar este processo com atenção. Um luto que se torna mais e mais difícil ou que passa a ser paralisante pode ser sinal de que devemos procurar ajuda psicológica e médica.

Qual a importância de viver e respeitar o luto?

De fato é importante discutirmos que quando o luto não é vivido e respeitado é muito provável que a pessoa não consiga superar a perda.

Viver o luto não significa que você esquecerá o amigo que se foi. Mas, sim, que você irá ressignificar a ausência, a sua própria existência e poderá estabelecer novas conexões.

Dessa forma, a memória de quem se foi não será mais uma fonte de sofrimento e sim de lembranças e acolhimento.

No caso do luto pela perda de uma amizade, é importante contar com outras pessoas do círculo de amizade. Já parou para pensar que outros também estão vivendo o mesmo que você? Essa troca e apoio, além de tornar a lembrança da pessoa amada mais confortável, também traz superação e conforto.

O papel das boas memórias no luto por um amigo

Pode soar como um clichê, mas quando perdemos alguém uma das poucas certezas que temos é de que ninguém pode nos tomar nossas memórias. Para muitas pessoas – lembremos que o luto por um amigo ou quem quer seja é um processo individual – cultivar e reviver memórias pode ter um papel positivo no processo de luto.

Olhar recordações como fotos e vídeos, ir a lugares que você costumava ir com aquela pessoa ou retomar atividades que compartilhava com aquele amigo pode ser uma maneira benéfica de viver o luto.

O luto por um amigo também tem “fases”?

É provável que você já tenha ouvido falar sobre as fases do luto. Mas se o luto é um processo particular no qual cada indivíduo reage de uma certa maneira, conforme suas experiências de vida, então como assim fases?

Bem, os tais tais estágios (ou fases) do luto dão para a gente uma ideia geral, um caminho, de como o luto é vivido por muitas pessoas. Conhecê-los é útil para se identificar e normalizar o processo. No entanto, nem todas as pessoas passarão por cada fase e muito menos nesta ordem exata. O luto pode ser um processo errante, de idas e vindas. Entenda um pouco mais sobre os estágios do luto abaixo.

Estágio da raiva

A raiva é um forte mecanismo de defesa e um sentimento muito comum para quem está vivendo um momento de despedida por um amigo querido.

Sentir raiva de quem se foi ou até mesmo de você próprio por se questionar por não ter ido em vez da pessoa é algo bastante comum, mas é uma situação delicada e difícil de lidar. Além disso, outra característica desse sentimento é se questionar sobre a perda, analisar fatos e culpar a si mesmo e outras pessoas pelo que aconteceu.

É claro que se conformar com a perda realmente é algo difícil e o processo da raiva é necessário, mas é preciso estar atento para que esse sentimento não se perpetue.

Estágio da negação

No estágio do luto chamado de negação a pessoa não se conforma com a perda ou acaba por não acreditar que ela aconteceu e que, na verdade, tudo aquilo não passa de um mero engano.

Esse é um dos estágios que impacta mais, principalmente quando a morte acontece de forma repentina ou quando não existe um corpo que a comprove.

Estágio da negociação

Negociar a perda de um ente querido pode parecer estranho, mas acontece bastante. No momento da perda não conseguimos enxergar com clareza que, de fato, não é possível trazer o amigo de volta. Por isso, muitas pessoas passam a negociar com Deus, fazer promessas ou ter outros comportamentos do tipo.

Este pode ser um estágio desesperador para quem está de fora observando a pessoa enlutada já que, muitas vezes, não há o que se dizer para que ela entenda que esse tipo de negociação não é possível.

Estágio da depressão

O estágio de depressão é aquele em que atitudes frequentes como choro, isolamento, a falta de apetite são mais frequentes. Esse é um estágio perigoso e se você está convivendo com uma pessoa em luto, e perceber esse tipo de manifestação é importante oferecer ajuda.

Também é preciso ficar atento quanto a depressão for algo silencioso, ou seja, quando esses sintomas não forem tão claros ou quando começarem a aparecer depois de um tempo da perda do ente querido.

Fique atento: geralmente quem está com depressão não percebe a gravidade e costuma não procurar ajuda por conta própria.

Estágio de aceitação

Todo o processo de luto vai passando quando você começa a aceitar a perda. É claro que a tristeza e a saudade são sentimentos que irão continuar te acompanhando, afinal você gostaria muito que o seu amigo ainda estivesse aqui. Mas é a partir daí que acontece a aceitação e ressignificação da perda.

Contar com amigos e familiares durante todo o processo de luto é muito importante. Não devemos nos cobrar de ser fortes o tempo todo e saber dos nossos limites é uma etapa importante para que tudo fique um pouco mais leve no fim.

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