Existe alguém que nunca ouviu a expressão morrer de amor? Bem, dificilmente, certo? A expressão é bastante conhecida e usada há séculos na língua portuguesa. No entanto, quase sempre ela é figurativa. Ou seja, quando falamos em morrer de amor não estamos realmente nos referindo à ideia de alguém literalmente morrer. Se trata de um exagero. Uma dor tão grande que poderia matar. Mas não mata, certo?
Porém, algumas tristezas, algumas perdas, realmente doem. Não como metáfora, mas uma dor real. Uma tristeza e desespero e desalento tão grandes que a gente sente… Dor. No peito. Será que essa dor no peito – que realmente doi, que pode até lembrar um infarto – pode matar? Matar de amor?
No artigo de hoje do Blog do Grupo Zelo falamos sobre morrer de amor (literal e metaforicamente). Falamos, também, sobre a chamada “síndrome do coração partido” e quando, como e por que uma dor psicológica pode se tornar uma dor física. Então, vamos lá? 💔
O que é a “síndrome do coração partido”? É possível morrer de amor?
As pesquisas mais recentes sugerem que sim, é possível morrer de amor. Pelo menos em certo sentido. A razão disso é a miocardiopatia de takotsubo. Este é um tipo de enfraquecimento do miocárdio que pode ser desencadeado – entre outras coisas – pela emoção de ter o coração partido.
Ter o coração partido, neste contexto, pode ter como origem um término de relacionamento, o óbito de uma pessoa amada ou outro acontecimento que leve a uma forte emoção. Na prática o que acontece é uma falha momentânea da capacidade do miocárdio em se contrair. Isso pode levar a uma dor no peito e a sensação de falta de ar. Ou seja, sintomas parecidos com um infarto mesmo que não haja entupimento de veia alguma. Outros sintomas como vômito, desmaio e vertigem também podem estar associados a esse mesmo quadro.
A hipótese mais aceita para explicar os porquês disso tudo acontecer passa por um hormônio muito famoso: a adrenalina. Doses normais de adrenalina tendem a acelerar nosso coração. Porém, a dose e a cadência da liberação em pessoas que têm o “coração partido”, acredita-se, pode levar a essa síndrome relativamente rara. A isso se soma outras reações químicas do corpo.
É muito importante pontuar, no entanto, que óbitos associados à miocardiopatia de takotsubo são raros. Por isso tudo que explicamos esse tipo de miocardiopatia também é chamado às vezes de… Síndrome do Coração Partido.
Outros contextos e sentidos
Ok. Mas talvez a resposta que você procura não é que existe uma síndrome rara por aí que pode ser associada a uma forte emoção. Em outros contextos e sentidos, é possível “morrer de amor”?
Bem, aí dá para usar o famoso “depende”.
O coração partido pelo término de um relacionamento pode desencadear um processo muito parecido com o luto. Aquele que vivemos quando alguém que amamos morre.
Na psicanálise, por exemplo, é comum se falar em “objeto perdido”. Embora a palavra objeto não soe bem para falar de alguém – ainda mais alguém que amamos –, a ideia é que quando perdemos algo ou alguém se inicia um processo de redirecionar aquele afeto (o desejo) para outro lugar.
Nesse sentido, isso pode acontecer tanto quando lidamos com um óbito quanto quando lidamos com um término. Também pode acontecer quando perdemos um pet, um emprego, se descobrimos que não podemos ser pai ou mãe biológicos e em várias outras situações.
Ou seja, assim como vivemos um trabalho de luto quando perdemos alguém, podemos viver esse mesmo processo quando um relacionamento amoroso termina.
Então, assim como é com o luto, as coisas podem ser mais ou menos demoradas. Em alguns casos, portanto, o luto pode se tornar um luto patológico ou desencadear uma depressão.
Como lidar com a dor; como não morrer de amor
Perder alguém pode doer muito. E sobre isso não há dúvidas. Também não há dúvidas que essa dor pode ser física. A ciência chama isso de somatização. É o processo pelo qual algo que está na nossa mente causa respostas no nosso corpo.
Não se trata de um efeito placebo ou algo do tipo. Mas, sim, de realmente sentirmos dor quando não há uma doença orgânica.
E como lidar com isso tudo, então? Primeiramente, se permitir viver o seu luto.
Talvez você já tenha ouvido falar por aí em fases do luto. Porém, independentemente desses estágios, é importante entender que o processo de lidar com uma perda é algo individual, com idas e vindas e seus altos e baixos.
Alguns dias podem parecer incríveis e a perda foi superada; em outros, pode parecer que tudo voltou pior do que antes. Confira também o nosso artigo Como Agir Após Uma Perda.
Quando morrer de amor tem outro significado
Por fim, às vezes, morrer de amor pode ganhar outro significado. Ou ao menos ser mais agridoce.
Talvez você já tenha ouvido e lido histórias sobre casais que após décadas juntos morrem com poucos dias (ou até horas) de diferença.
Um caso desses aconteceu no Tocantins em 2023. Ana e Mamédio eram casados há 78 anos. Em uma quinta-feira, 29 de junho de 2023, Mamédio faleceu aos 105 anos. Quatro horas depois Ana se foi – ela tinha 100 anos de idade.
Mamédio não tinha sinais de problemas na sua saúde até que Ana foi internada com pneumonia. A partir daquele momento seu estado de saúde se deteriorou rapidamente. Ele acabou falecendo antes da esposa de quase oito décadas.
Talvez dê para dizer que Mamédio morreu doente do amor que sentia por Ana? Se este for o caso, no entanto, é um caso em que morrer de amor ganha um outro significado, não é mesmo?
Se você gostou deste conteúdo sobre a Síndrome do Coração Partido e o que a ciência tem a dizer sobre morrer de amor, então que tal conferir mais do nosso trabalho?
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