ÀS vezes, para entender como as coisas funcionam nos dias de hoje, é preciso, voltar um pouco no tempo. Na verdade, voltar bastante no tempo: hoje vamos começar com uma viagem até o Egito para conhecer mais sobre a mumificação e como evoluímos tanto até chegarmos às técnicas mais modernas para conservação de corpos.
Afinal, entender como nossos ancestrais lidavam com a morte, é também entender porque nós lidamos como lidamos atualmente, concorda?
Então, o que acha de viajar com a gente nessa aula de história, ciência e, porque não, tecnologia? Continue a leitura para entender mais sobre o assunto!
Este texto contém descrições do processo de preparação e mumificação de corpos humanos, o que pode ser sensível ou desagradável para alguns leitores.
O que é mumificação?
A mumificação é um processo antigo usado para preservar corpos após a morte que foi desenvolvido no Antigo Egito, onde era considerado necessário para que as pessoas tivessem uma vida após a morte. Na prática, consistia em retirar os órgãos internos, secar o corpo com sais e ervas, e envolvê-lo em faixas de linho.
O objetivo era manter a forma física da pessoa para a vida eterna a partir de um processo meticuloso que envolve técnicas específicas de embalsamamento. Não à toa, era um método reservado para faraós e nobres, já que se acreditava que preservar o corpo seria a garantia de uma passagem segura para o além.
Pensando pelo ponto de vista cultural, ela permitiu aos antigos egípcios perpetuar a memória de seus líderes e garantir sua jornada no mundo dos deuses. Hoje, é estudada como uma prática histórica e científica, revelando informações sobre a cultura e crenças do Antigo Egito, mas ajudando a desenvolver métodos modernos de conservação de corpos.
Como era a técnica egípcia de mumificação de corpos?
Não falamos que faríamos uma viagem para o Egito? Então vamos começar: primeiramente, os sacerdotes realizavam uma incisão no lado esquerdo do abdômen, removendo os órgãos internos, exceto o coração, pois se acreditava ser o centro da alma e inteligência, enquanto os órgãos eram preservados em recipientes especiais, os “vasos canopos”.
O cérebro, por exemplo, era retirado através do nariz com ganchos de metal e descartado, pois era considerado não essencial. Após a remoção dos órgãos, o corpo era lavado com vinho de palma e imerso em uma solução de natrão, um composto natural de carbonato de sódio e bicarbonato de sódio, por cerca de 40 dias.
O natrão desidratava o corpo, impedindo a decomposição. Durante esse período, eram realizadas orações e rituais religiosos para garantir a proteção do falecido no além. Após a desidratação, o corpo era lavado novamente e ungido com óleos aromáticos para preservar a pele e evitar odores desagradáveis.
Então, era envolto em várias camadas de linho, enquanto amuletos e símbolos religiosos eram colocados entre as bandagens para a proteção espiritual. Ao fim do processo, o corpo era colocado em um sarcófago, muitas vezes ornamentado com pinturas representando os deuses e cenas do Livro dos Mortos, um guia para a vida após a morte.
Muita coisa, não é mesmo? E é por isso que o processo completo de mumificação era reservado principalmente para faraós, membros da realeza e nobres. Porém, mesmo pessoas comuns podiam ser mumificadas em menor escala, utilizando métodos mais simples.
Confira também: Como são os rituais fúnebres do budismo?
Este processo pode ocorrer naturalmente?
Apesar da sua associação com o Egito, a mumificação foi praticada em várias outras culturas ao longo da história. E, em alguns casos, isso acontecia de maneira orgânica, em um processo que é conhecido como mumificação natural, quando um corpo é preservado de forma espontânea, muitas vezes devido a condições ambientais especiais.
Normalmente, isso acontece em ambientes secos e frios, como desertos ou tundras, onde a falta de umidade e a temperatura baixa desaceleram o processo de decomposição. O resultado é um corpo que, ao longo do tempo, se desidrata e se conserva, mantendo características físicas semelhantes às que tinha em vida.
Um exemplo muito comum de mumificação natural são os corpos encontrados em sítios arqueológicos, como as múmias dos Andes ou as múmias dos pântanos na Europa. E é por isso que, nessas situações, os corpos são preservados por séculos ou até milênios, oferecendo insights valiosos sobre as culturas e civilizações antigas.
Quais são as diferenças entre mumificação e as práticas atuais?
Você já entendeu como funcionava a mumificação no Egito, mas quais são as diferenças em relação aos métodos atuais de preservação de cadáveres? A tanatopraxia é uma das técnicas de preparação de corpo, que consiste na aplicação de produtos químicos para retardar a decomposição e melhorar a aparência do falecido para o funeral ou velório.
Enquanto a mumificação é um processo mais complexo e ritualístico, a tanatopraxia é uma técnica mais rápida e prática, focada principalmente na apresentação estética do corpo para os rituais de despedida. Também é uma forma de facilitar a preservação de corpos sem que se torne um processo tão caro e complexo.
Além disso, a tanatopraxia é amplamente aceita em muitas culturas e religiões atualmente, enquanto a mumificação é uma prática historicamente associada ao Antigo Egito e a algumas outras culturas antigas.
Em quais contextos a mumificação ainda é utilizada?
Por mais que tenha perdido o seu uso prático mais comum, a mumificação ainda é utilizada em alguns contextos específicos ao redor do mundo. Um desses contextos é o religioso, onde algumas comunidades continuam a realizar rituais de mumificação como parte de suas crenças espirituais e tradições ancestrais.
Por exemplo, em certas áreas do Tibete, é praticada uma forma de mumificação conhecida como “sky burial” ou “enterro celestial”, onde os corpos são deixados em áreas elevadas para serem expostos às aves de rapina.
Além disso, em algumas sociedades modernas, a mumificação é uma opção para indivíduos que desejam uma alternativa ao enterro tradicional ou à cremação. Eles podem escolher a mumificação como uma maneira de preservar seus corpos de forma semelhante à tradição egípcia, mantendo sua integridade física por mais tempo.
Agora que terminamos essa viagem na história, que tal entender um pouquinho mais sobre como funcionam as técnicas modernas de conservação de corpos? Continue pelo nosso blog e entenda tudo sobre a tanatopraxia e o trabalho de preparação de cadáveres nos tempos de hoje!