Necropsia: Descubra Tudo Sobre o Papel Desse Procedimento Pós-Morte

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A morte é um dos poucos eventos que seguem cercados de incertezas, mesmo em um momento de avanços científicos, não é mesmo? Mesmo que seja inevitável, é um tema que levanta muitas perguntas e, quando se pensa no que acontece com o corpo após a morte, a necropsia pode ajudar a dar algumas respostas.

O que aconteceu para que aquela pessoa morresse? Quais eram as condições que levaram até aquele cenário? O procedimento no corpo após a morte nada mais é do que uma análise aprofundada em busca dessas respostas. Mas quando ela é necessária, quem é o responsável por realizá-la e o que se entrega ao final?

Neste artigo, você vai entender mais detalhes sobre a necropsia, como funciona e porque é tão importante não só para a família, mas também para a ciência e a sociedade. Continue a leitura e confira!

O que é a necropsia?

A necropsia é um procedimento médico realizado em corpos após a morte com o objetivo de determinar a causa do óbito e identificar qualquer condição patológica que o falecido possa ter tido. Diferente do que muitos pensam, a necropsia não acontece apenas em casos de mortes violentas ou suspeitas.

Afinal, esse método também realiza estudos sobre doenças, por exemplo, ajudando o avanço científico e a medicina legal. Isso porque, durante a necropsia, o corpo é examinado interna e externamente. O profissional responsável avalia os órgãos e tecidos para identificar lesões, doenças ou outras condições.

Em resumo, esse exame detalhado fornece informações essenciais para entender a saúde do indivíduo antes do falecimento e pode até mesmo esclarecer questões que estavam sem resposta.

Como esse procedimento funciona?

Por se tratar de um exame tão importante, a necropsia é um procedimento rigoroso e feito no detalhe, que precisa seguir um protocolo bem definido para garantir que todas as possíveis causas da morte sejam investigadas. São vários os ritos para garantir uma conclusão precisa sobre o que aconteceu.

O processo funciona mais ou menos assim:

Documentação inicial

O processo começa com a documentação completa do corpo: o médico legista ou patologista registra informações básicas, como idade, sexo, e condições aparentes do corpo. A análise externa do corpo inclui a verificação de sinais ou marcas que possam fornecer pistas sobre a causa da morte.

Exame externo

O médico observa o corpo em busca de sinais visíveis de doença, lesões ou outras condições médicas. Ou seja, uma inspeção minuciosa da pele, olhos, boca, unhas e orifícios corporais. O peso e a altura do corpo são registrados, e todos os sinais externos são anotados em detalhes.

Incisão e exame interno

Uma incisão em forma de Y é feita no tórax e abdômen, que vai de cada ombro até a parte inferior do esterno, se conectando em um ponto na região púbica. Esse corte é o que permite o acesso aos órgãos internos, que são removidos um por um para serem analisados, pesados, medidos e dissecados.

Exame do cérebro

Após o exame dos órgãos torácicos e abdominais, o couro cabeludo é cortado, e a calota craniana é removida para expor o cérebro, que é retirado e examinado nos mínimos detalhes, com amostras para análises adicionais.

Exames laboratoriais

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Amostras de tecidos, líquidos corporais (como sangue e urina), e conteúdo gástrico são coletadas durante o procedimento. Em seguida, as amostras são enviadas para análise toxicológica e histopatológica para detectar a presença de substâncias tóxicas, drogas ou condições patológicas que possam ter contribuído para a morte.

Reconstrução do corpo

Após a análise interna, os órgãos são colocados de volta no corpo ou podem ser removidos para doação (com consentimento apropriado). O corpo é reconstruído e costurado para permitir que os rituais funerários tradicionais sejam realizados.

Qual é o objetivo e como funciona o laudo da necropsia?

Com todas as informações acima coletadas, o responsável elabora um laudo da necropsia, um documento com observações sobre o exame externo e interno, resultados de exames laboratoriais, e uma conclusão sobre a causa da morte.

O documento inclui:

  • Informações do falecido: dados básicos como nome, idade, e informações médicas relevantes;
  • Descrição externa: relato das observações feitas sobre o estado externo do corpo;
  • Exame interno: detalhes sobre os órgãos internos, incluindo observações sobre tamanho, peso, e aparência, além de quaisquer anomalias encontradas;
  • Exames laboratoriais: resultados de análises toxicológicas, histopatológicas, e outras que tenham sido realizadas;
  • Conclusão: o médico legista apresenta uma conclusão sobre a causa da morte, baseada em todas as evidências coletadas durante a necropsia.

Quem é o funcionário responsável?

A necropsia é um processo tão essencial que não é qualquer médico ou profissional que pode realizá-la. Por isso, os médicos legistas ou patologistas têm uma formação específica com estudos das doenças e suas causas, além da aplicação desses conhecimentos na investigação de mortes.

Normalmente, a formação de um médico legista inclui a graduação em medicina, seguida por uma residência em patologia e, em muitos casos, uma especialização adicional em medicina legal. Dessa maneira, ele se torna um profissional que fica dedicado a esses estudos do corpo após a morte.

Como em qualquer profissão, a remuneração dos profissionais pode variar bastante dependendo da região e do setor em que atuam. Porém, no geral, médicos legistas são bem remunerados por conta da sua especialidade e até mesmo dos desafios enfrentados durante o seu trabalho.

Outro ponto que reforça a valorização desse profissional é que o seu trabalho pode ter um impacto importante para a medicina, ciência e a justiça. Afinal, são estudos que contribuem para a resolução de casos legais e também para o avanço do conhecimento médico.

Quando a necropsia é necessária?

O ano é 44 a.C e mais de 60 senadores de Roma conspiraram para tirar o poder de um dos ditadores romanos mais conhecidos da história: Júlio César. Mas o que aconteceu no Teatro de Pompeu acabou se tornando um fato histórico para a medicina legal também.

A retirada de César do poder veio no episódio que ficou conhecido como cesaricídio, com o ditador recebendo 23 facadas dos senadores, que alegaram defender os princípios da República Romana. Mas por se tratar de uma morte tão relevante para aquela sociedade, o corpo de César passou por uma necropsia.

O estudo mostrou que o ferimento causado pela segunda facada que o matou. Esse é, sem dúvidas, um exemplo clássico de como a necropsia tem um papel muito além da medicina, servindo para ter mais respostas sobre um crime, mas a verdade é que o procedimento deve ser realizado na maioria dos casos.

Normalmente, a necropsia é mais relevante em casos de:

  • Mortes violentas: quando há suspeita de homicídio, suicídio, ou acidente, a necropsia é essencial para determinar as circunstâncias exatas da morte;
  • Mortes em custódia: quando uma pessoa falece sob custódia policial ou prisional, uma necropsia é geralmente obrigatória para garantir que a morte não ocorreu por negligência ou abuso;
  • Mortes hospitalares: em alguns casos, a necropsia é realizada para verificar se houve erro médico ou para estudar doenças que não foram diagnosticadas em vida;
  • Estudo de doenças: em casos de doenças raras ou pouco compreendidas, a necropsia pode ser realizada com fins de pesquisa, contribuindo para o avanço da medicina.

Necropsia, autópsia ou exame cadavérico?

Agora chegamos em um assunto que pode ser bastante confuso. Em muitos casos, a necropsia é confundida com autópsia, mas eles realmente são as mesmas coisas? O primeiro local que precisamos olhar é a morfologia, ou seja, como essas palavras foram formadas.

Como o nome indica, a autópsia é a análise (“psia”) de si mesmo (“auto”). Quando uma mulher realiza o exame de mama em casa, teoricamente, está fazendo uma autópsia, estudando o seu próprio corpo para identificar alguma coisa. Dentro do contexto, uma autópsia jamais poderia acontecer em alguém que morreu.

Já quando olhamos para a morfologia de necropsia, estamos falando dessa mesma análise (“psia”), só que da morte (do grego “nekros”). Sendo assim, quando o corpo passa por um estudo como mencionamos acima, seria esse procedimento Mas existe a teoria e o que acontece na prática, certo?

Por mais que sejam estruturalmente opostas — já que uma analisa o morto e o outro é um autoexame, ou seja, a pessoa está viva para fazer isso —, os dois termos já são aceitos até mesmo por médicos e profissionais da área como sinônimos. Tanto autópsia como necropsia funcionam para um estudo do corpo de um falecido.

E outro termo também entra nessa mesma lógica: o exame cadavérico é utilizado com frequência no contexto jurídico e legal, mas os profissionais costumam ter o mesmo entendimento sobre o seu significado, uma análise do corpo após a morte. Apesar de pequenas diferenças, as três palavras são aceitas.

No final das contas, por mais que seja diretamente associado à morte, a necropsia fala bastante também sobre a compreensão da vida. Seja para ajudar em casos criminais na aplicação da justiça, seja para contribuir com os avanços dos estudos médicos, ajudando a tirar muitas das dúvidas que temos sobre o tema.

E por falar em assuntos que ainda são vistos como tabus em nossa sociedade, mas que podem contribuir para o nosso avanço em várias áreas, o que acha de entender um pouco mais sobre o que é exumação e quando é necessária?

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