“Post Mortem”: O Que Acontece com o Corpo Após a Morte

o que acontece com o corpo após a morte. Rembrandt, A Lição de Anatomia do Dr. Tulp, em detalhe, via Flicker
Rembrandt, A Lição de Anatomia do Dr. Tulp, em detalhe, via Flicker

Falar da morte continua sendo tabu para muitos de nós. Falar do nosso corpo após a morte, mais ainda. Para muitos de nós, infelizmente, “cadáver” é um palavrão, desses que arrepia só de ouvir, não é mesmo? Por aqui, acreditamos que conversar sobre a morte é importante, saudável, e estamos aqui para bater este papo com você. Hoje, falamos do que acontece com o corpo após a morte: dos primeiros minutos ao esqueleto.

Falamos também dos cuidados que a humanidade desenvolveu nos últimos milhares de anos para adiar este processso (por alguns dias ou séculos) e como eles sobrevivem até hoje. Boa leitura. Esperamos que você goste.

O que acontece com o corpo após a morte | As primeiras horas após o óbito

As horas mais famosas quando falamos do que acontece após a morte, são as primeiras.

Para cada um destes processos temos um nome. Todos estes nomes, que contem um pedacinho da história do que acontece com o nosso corpo, são em latim. Talvez você até já tenha ouvido falar de alguns deles.

“Pallor mortis”

Nome dado ao processo de descoramento (torna-se pálido) do cadáver nas horas seguintes ao óbito.

Pallor mortis é o nome dado à famosa palidez do cadáver. Sabe quando alguém está extremamente pálido e associamos isso à morte – ou até perguntamos, brincando, se a pessoa morreu? 

Pois é, este é o pallor mortis, o primeiro estágio da morte e onde começamos nossa viagem por tudo o que acontece com o corpo após a morte.

Após a parada das nossas funções básicas, já sem o sangue circulando, a gravidade leva nossa circulação para as extremidades inferiores do corpo, fazendo com que o rosto e outras partes percam a cor e apresentam a palidez associada ao óbito.

Este processo se inicia rapidamente. Os primeiros sinais podem ser notáveis com apenas 15 minutos do óbito.

“Livor mortis”

Nome dado ao processo de surgimento de manchas no cadáver nas horas seguintes ao óbito.

Pelo mesmo motivo que o corpo fica pálido, algumas regiões ficam coloridas. Com o sangue se acumulando em algumas extremidades, eventualmente o sangue se aloja na parte baixa do corpo, dando um tom entre o vermelho e o roxo.

No caso de alguém que está deitado, já em uma maca, este processo pode ser observável na parte baixa do corpo, incluindo costas, nádegas e a parte de trás das coxas. 

Embora o processo se inicie já nos primeiros minutos após a morte, pode levar cerca de duas horas para ser observável a olhos nus. Assim como todos os processos que citamos aqui, tudo depende bastante das condições de temperatura e umidade no local.

“Algor mortis”

Nome dado ao processo de esfriamento do cadáver nas horas seguintes ao óbito.

Você pode não conhecer esta expressão, mas você sabe o que é isto. O algor mortis nada mais é que o nome dado ao esfriamento do corpo, algo que (quase) todos sabemos que ocorre após o óbito, não é mesmo?

A tendência do corpo morto é de atingir a temperatura ambiente a uma média de 1 grau de esfriamento por hora. Lembrando que a temperatura média do nosso corpo fica entre 36º e 37º. Ou seja, assim como reforçamos em outros pontos, este processo depende da temperatura ambiente. 

“Rigor mortis”

Nome dado ao processo de enrijecimento (endurecimento) do cadáver nas horas seguintes ao óbito.

Entre todas essas expressões em latim que trouxemos aqui, esta é provavelmente a mais famosa: “rigor mortis”. O endurecimento do morto, muito lembrado quando pensa-se em o que acontece com o corpo após a morte.

Este é o nome dado a um complexo processo bioquímico do nosso corpo que faz com que o cadáver se torne rígido – duro – em um processo que se inicia pelo menos quatro horas após o óbito e pode durar até 36 horas.

Na média, após 12 ou 13 do óbito é quando há a rigidez completa, que é notável especialmente nos braços, que podem chegar a ficar não apenas duros, mas também erguidos.

Alguns fatores anteriores à morte e a própria causa da morte podem tanto antecipar quanto intensificar o rigor mortis. Atividade física próxima à hora do óbito e morte por eletrocussão (choque) são dois exemplos clássicos de condições que podem antecipar e intensificar o rigor mortis.

O que acontece com o corpo após a morte: a decomposição

Todos estes processos que explicamos acima acontecem, em geral, nas primeiras 24 a 36 horas após o óbito. Ou seja, estamos falando apenas de tudo que o nosso corpo humano passa no primeiro dia após abandonarmos esta vida.

Ainda, podemos dizer que tudo isto antecede o que chamamos de putrefação ou decomposição, que veremos a seguir. Novamente, este é um texto informativo e conteḿ descrições que podem ser um pouco gráficas. Se você for sensível a temas do tipo, não recomendamos a leitura.

A primeira semana

A partir do segundo dia se torna notável os efeitos do acúmulo de gases no corpo. De maneira resumida, as bactérias dentro do corpo já não sofrem nenhuma resistência, se alimentam das proteínas e expelem gases. O metano e a putrescina são dois desses gases que, também, dão o cheiro que associamos à decomposição e putrefação. Estes gases também começam a causar o inchaço do corpo.

Enquanto isso, o corpo segue perdendo a cor natural e se esverdeando. Veias se tornam mais visíveis.

Segunda à quarta semana

O processo causado pelos gases se intensifica. A barriga incha e, eventualmente, estes gases começam a romper órgãos e a vazar pelo corpo. 

Ainda, os tecidos já não aguentam e se deslocam do corpo. A partir deste momento, o corpo já é irreconhecível e, assim, se inicia o processo de esqueletização. Ou seja, a carne será alimento de larvas e outras formas de vida até que, enfim, reste apenas o esqueleto.

4 mitos sobre o que acontece com o corpo após a morte

Quer apostar que você já teve contanto com pelo menos um dos mitos sobre o que acontece com o corpo humano após a morte que trazemos abaixo. Segue com a gente!

1 – O cabelo e as unhas seguem crescendo

Mito. O que acontece, na verdade, é que o corpo desidrata e encolhe. Isto causa uma forte impressão que as unhas e o cabelo cresceram rapidamente, mas não é o caso.

2 – O corpo pode “se sentar” subitamente

Já viu essa em algum filme? É mito. Ou, pelo menos, um grande exagero.

Este é um mito bastante relacionado ao rigor mortis, que comentamos anteriormente. O corpo morto pode, de fato, se mexer devido aos processos que explicamos. No entanto, a ideia de um corpo “se sentando” rígido em cima da maca do legista é um total exagero.

3 – O cadáver segue indefinidamente rígido

A ideia de que o corpo se enrijece é bastante conhecida e, como comentamos, leva o nome de rigor mortis. No entanto, isto leva muitas pessoas a terem uma ideia equivocada deste processo.

O rigor mortis realmente vem, mas ele também vai embora. Em um cenário de temperatura ambiente, o corpo atinge seu ápice de rigidez em cerca de 13 horas. Após isso, começa a amolecer novamente.

4 – O corpo morto pode soltar “gemidos”

Já ouviu isso? Muita gente se refere aos barulhos emitidos pelo cadáver como “gemidos”.

Se considerarmos que um gemido é um barulho emitido pelas nossas cordas vocais, então também se trata de um mito.

O que acontece é que, eventualmente, o ar e os gases presos no corpo escapam e, no caminho, podem acontecer barulhos. Ou seja, estes gemidos estão muito mais próximos de um pum do que de um gemido!

Os cuidados para adiar o que acontece com o corpo após a morte

múmia
“Egyptian Mummy”, Foto de Liz Lawley, via Flicker

Todos estes processos que contamos são naturais. Ou seja, aquilo que acontece em condições normais.

É verdade, também, que é inegável a importância que os ritos de despedida têm na nossa cultura – e em muitas outras. Por isso, ao longo da história, a humanidade desenvolveu maneiras de adiar os efeitos da morte sob o corpo.

Em alguns casos, optamos por retardar estes processos em algumas horas. Em outros, por diversos motivos, buscamos formas de atrasar os efeitos da morte em anos, décadas ou até séculos.

Os cuidados pós-morte podem servir para garantir que a despedida final – o velório, o enterro, o último adeus – aconteçam com o corpo intocado, mas também podem servir para que aquele corpo seja conservado indefinidamente. Vamos entender um pouco mais sobre isso. 

Tanatopraxia e Necromaquiagem

A tanatopraxia é o nome dado aos cuidados básicos que o corpo passa para ser conservado durante o velório e o enterro.

Por meio de injeções com líquidos conservantes e germicidas, se torna possível adiar os sinais da morte por alguns poucos dias. 

Junto a isso, é realizada a necromaquiagem, que consegue disfarçar, por exemplo, a palidez do cadáver. Também, a maquiagem pode devolver ao corpo falecido características que trazem paz e conforto àqueles que estão velando a pessoa. Pode ser o batom favorito, o blush da cor que a pessoa amava, por exemplo.

Embalsamamento (ou embalsamação)

Embalsamamento, embalsamento ou embalsamação. Todas essas palavras se referem ao processo de embalsamar o corpo. Diferentemente da tanatopraxia, aqui se tem o objetivo de conservar o corpo por vários dias ou semanas.

Isto pode ocorrer no caso de celebridades que passarão por ritos fúnebres longos, caso da Rainha Elizabeth II e do eterno Rei do Futebol, Pelé. Também pode se optar por este processo em casos em que haverá uma longa espera entre a morte e o funeral, seja pela distância entre o local da morte e o local dos ritos ou porque há a necessidade de aguardar burocracias.

Embora processos do tipo aconteçam há mais de 4 mil anos, as técnicas modernas são muito diferentes daquelas utilizadas pelos povos antigos. Para você ter ideia, a depender do peso do indivíduo, pode-se facilmente chegar a 12 litros de líquido embalsamador inserido no cadáver.

Mumificação

Por último, não poderíamos deixar de falar da mumificação, que pode tanto ser um processo natural (em condições muito específicas) ou induzido pelo ser-humano. 

É claro que quando falamos em mumificação pensamos nos egípcios antigos e seus faraós. No entanto, até hoje existem processos de mumificação e técnicas modernas. O exemplo mais famoso de múmia moderna é do revolucionário russo Lênin. 100 anos após a sua morte, o corpo do ex-presidente da União Soviética segue exposto em um mausoléu em Moscou, capital russa.

O que acontece com o corpo após a morte, luto e família

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