Muitas vezes, a perda de um filho é sentido como uma inversão da natureza, pois os pais, que são mais velhos, vêm a falecer primeiro na maioria dos casos. Este é apenas um, entre tantos aspectos, que fazem a dor de perder um filho ser uma das mais cruéis e difíceis de superar. Uma dor que aqueles que não viveram, mas conseguem imaginar.
No estudo “O Luto de Pais: Considerações Sobre a Perda de um Filho Criança” foram coletados diversos relatos de pais enlutados e foi possível entender que esse tipo de luto é ainda mais singular.
A pesquisa mostra que a dor de perder um filho é “[…] um sentimento de tamanha intensidade que não é possível sequer nomeá-lo”. Ou seja, nem mesmo quem sentiu “na pele” consegue descrever a dor dessa perda.
Portanto, esse cenário torna o luto dos pais ainda mais complicado do que em outras situações, mas ainda é possível reaprender a viver.
Confira agora alguns hábitos e dicas que podem te ajudar nesse processo, além de entender porque é importante ficar atento às suas emoções.
O que a dor de perder um filho pode causar?
Com a perda de um filho, os pais sentem bastante tristeza, culpa, incompreensão e, muitas vezes, a dor é tão grande que pode gerar transtornos psicológicos.
Uma pesquisa realizada pela instituição de caridade britânica Tommy, publicada no aclamado jornal de saúde The Lancet, revelou que o trauma de perder um bebê por aborto espontâneo aumenta significativamente o risco de depressão e suicídio tanto em mulheres quanto em homens.
Com a perda de um filho também há a perda dos sonhos e das expectativas que os pais tinham. Portanto, esse tipo de luto e perda, muito mais do que em outros cenários, precisa ser constantemente observado para que a dor não evolua para uma doença mais grave.
Para que você consiga preencher esse vazio existencial e possa superar a dor, é importante ressignificar a vida. Não estamos falando de esquecer tudo, mas, sim, de conseguir seguir em frente com bastante amor e utilizando a saudade a seu favor.
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Sintomas do luto para ficar atento
- Não conseguir se desfazer de nenhum objeto ou roupa do filho falecido, mesmo um ano depois da perda
- Sentir dificuldade em compartilhar o sofrimento com o cônjuge ou parceiro(a)
- Não conseguir se relacionar com os filhos que ficaram ou depositar suas expectativas neles
- Questionar a própria fé, por exemplo, culpar e brigar com Deus no caso do cristianismo
- Cansaço excessivo
- Retardo psicomotor
- Palpitações
- Perda de peso
- Estresse
- Insônia e mais
Pensando na sua melhora, nós do Grupo Zelo separamos alguns hábitos e dicas fundamentais nesse processo. Confira:
Como lidar com a dor de perder um filho? 5 hábitos que podem te ajudar
1. Tente entender que você não tem culpa
Os pais são os responsáveis pela segurança, saúde e bem-estar dos filhos. Por isso, é comum associar a perda de um filho com a culpa dos pais. Mas isso não é correto.
A única certeza que temos na vida é que um dia nós deixaremos esse mundo. Ou seja, a morte é um processo natural da vida e ela chega para todos nós.
Então, mesmo que seja na triste inversão da natureza, tente entender que você não tem culpa pela partida do seu filho. Não se pode ter culpa sobre aquilo que não podemos controlar ou evitar.
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2. Procure não se isolar completamente
O fato é que o luto é bastante individual, então sempre vai existir aquela pessoa que vai tentar enxergar o lado bom da vida e aquela que vai se isolar de todos, por exemplo.
Entretanto, como falamos mais acima, o luto dos pais é ainda mais singular, pois há risco de desenvolver transtornos psicológicos, como a depressão e, no pior dos casos, isso resultar em um atentado contra a própria vida.
É claro que é importante expressar o luto da melhor maneira. Se você acha que o isolamento é preciso para refletir e viver o luto, faça. Porém, saiba que o isolamento total não é benéfico a longo prazo, pois isso pode impedir você de retornar a sua rotina.
Além disso, a união dos pais após a perda de um filho é fundamental para aliviar as dores. Procurem ficar juntos nesse processo se ajudando diariamente, sempre com atenção, amor e carinho.
3. Cuide de quem ficou
Muitos pais que perdem um filho depositam as suas dores em outras pessoas, como no caso de outros filhos do casal.
Não depositar as expectativas do filho falecido ou em outros entes queridos no outro filho que permaneceu é muito importante para que o processo de luto seja menos complicado.
Além de não ser saudável para a sua saúde mental e física, ainda frustrará bastante o seu outro filho, desgastando a relação familiar.
De fato, a perda de um filho é uma tragédia, mas você não tem culpa disso e, no caso de outro filho, ele não substituirá aquele que faleceu. É imprescindível fazer essa separação para o bem-estar da sua família.
4. Saiba que o vínculo e o amor permanecerão
Reaprender a viver após a dor de perda de um filho e ressignificar a vida não quer dizer que você vai esquecer o seu filho e toda a história que vocês têm juntos.
O segundo posto dessa lista é fundamental para entender esta etapa. Quando nos perdoamos e entendemos o que estamos sentindo, temos menos dificuldade de seguir em frente. Isso facilita o ato de ressignificar a vida.
O vínculo familiar, o amor pelo seu filho e a saudade permanecerão para sempre. Quando entendemos isso, conseguimos utilizar os bons sentimentos como pilares de força.
5. Cuide da sua saúde mental
A morte é um assunto delicado, ainda mais quando se trata da perda de um filho, portanto, é normal não saber lidar com esse tipo de luto por conta própria.
Nesse período, as emoções são muito mais intensas do que o normal. Além disso, podem surgir ao mesmo tempo, como tristeza, ansiedade, culpa e raiva simultaneamente.
Para cuidar da saúde mental da melhor maneira é preciso contar com o apoio de um psicólogo ou psiquiatra. Estes profissionais conduzem terapias de modo que você compreenda os seus sentimentos e vá, aos poucos, encontrando novos significados na vida.
Além disso, procure estar perto das pessoas que ama e fazer o que gosta, pois ocupar o tempo é uma maneira de ocupar a mente e dispersar pensamentos negativos.
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