O Judaísmo é considerada a primeira religião monoteísta da história. Ccom ela, ao longo do tempo, foram criadas tradições importantes para o bem-estar dos fiéis. Por exemplo, a forma de lidar com o luto. A Shivá.
Lidar com o luto da perda de um ente querido é sempre difícil. Até por isso, as religiões costumam orientar seus fiéis sobre qual a melhor forma de agir após essa perda. Essa orientação é pautada em suas crenças e costumes adquiridos durante anos.
Neste texto vamos falar um pouco mais sobre a Shivá, período de luto ensinado pelo judaísmo, o que é e como ele funciona. Continue a leitura e entenda como funciona. Como os Judeus encaram a morte?
Shivá: o luto dos judeus
Cada cultura tem uma forma de ver a partida. A tradição judaica ensina aos Judeus a encararem a morte com respeito, mas ensina também que não devemos temê-la.
Para os Judeus, após a morte, existe um processo de reencarnação de partes da alma que ainda precisam voltar e evoluir. Em um texto publicado pela Sinagoga Hebraica Portuguesa de São João de Meriti, explica-se:
“uma alma poderá regressar a este mundo diversas vezes, em diferentes corpos, e assim poderá consertar o que a prejudicou em vidas anteriores, ou completar qualquer assunto que tenha ficado pendente”.
Segundo o judaísmo, então, todo esse processo de transferência acontece em forma de etapas. É um processo lento, que ocorre enquanto o corpo passa pela decomposição e a separação da alma.
Esse processo acontece da seguinte forma:
- A morte;
- O enterro;
- 3 dias após a morte;
- Uma semana após a morte;
- 30 dias após a morte;
- 3 meses após a morte
- 11 meses após a morte;
- E finalmente um ano após a morte.
Abaixo especificamos melhor sobre a etapa que ocorre durante sete dias após a morte: a Shivá.
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O que é Shivá?
A experiência religiosa judaica acumulada por séculos e a sensibilidade da Torá, a Bíblia judaica, ensinou aos praticantes da religião uma forma muito organizada de lidar com a morte e o luto.
Nesse processo, o judaísmo separa o luto em períodos graduais nos quais o enlutado consegue liberar e expressar suas dores e tensões causadas pela perda.
Shivá é um dos primeiros momentos desse luto. Ele se inicia imediatamente após o enterro do corpo. Se encerra depois de sete dias de reclusão do enlutado.
Como é a prática da Shivá?
Primeiramente, durante o período da Shivá o enlutado fica em uma forma de recesso, dentro do seu próprio lar, no qual vive os dias de luto intensamente, não participa de viagens, eventos ou se mistura socialmente.
Assiim, essa tradição de ficar em casa e recluso se baseia em dois motivos:
- A razão prática, na qual o enlutado está proibido de experimentar prazeres e fazer negócio e, por isso, a sua casa é o melhor lugar para que ele fique.
- Segundo o judaísmo, o luto é uma profunda experiência em solidão e, por isso, esse período de reclusão irá ajudá-lo a se curar da perda.
Segundo o judaísmo, o corte dos vínculos de uma alma a outra requer um grande senso de solidão e é precioso permanecer incomunicável para que se possa expressar de forma real o sofrimento por essa ruptura de comunicação com quem amamos.
Além disso, é obrigação de toda a sociedade judaica, enquanto o enlutado estiver recluso, ir até à sua porta e confortá-lo com palavras sobre o falecido e o ajudando a se encaixar novamente em uma estrutura social.
A partir desse momento, com a ajuda da sociedade judaica, o enlutado começa a passar mais tranquilamente pelo processo de luto. Mesmo que ele permaneça dentro de casa, não se preocupe em se arrumar, use roupas que não usaria normalmente, o enlutado recebe seus conhecidos que chegam até ele com objetivo de expressar solidariedade. Assim, esse retiro realizado dentro de si mesmo começa a surtir efeito. Então, a pessoa passa entender, com mais clareza, todo o processo que está vivendo.
Quais são os outros períodos de luto do judaísmo?
Além da Shivá, outras etapas são parte do luto do judaísmo. Ao todo são cinco estágios que devem ser vividos e respeitados.
O primeiro período é conhecido como Aninut, realizado entre a morte e o enterro. Este é o período mais intenso do luto. É nele que a morte do ente querido ainda não foi aceita pelo enlutado. Nessa fase, exigências religiosas e amenidades sociais não se aplicam. Entende-se isso como um respeito ao estado de espírito da pessoa em luto naquele momento.
O segundo período acontece nos três primeiros dias após o funeral, conhecido como “choro e lamentação”. Nessa fase é não aconselha-se as visitas ao enlutado. Isso se dá pois entende-se que é cedo demais para que haja qualquer tipo de interação com as demais pessoas ao redor.
Aí sim vem a Shivá que ocorre, a princípio, junto ao segundo período.
O Sheloshim
O quarto estágio é o Sheloshim, que se refere aos 30 dias após o enterro. Nesse período o enlutado é encorajado a sair de casa após a Shivá e ir retornando, aos poucos, ao contato e convívio social. É importante ressaltar que nesse período o corte de cabelo ainda é proibido para os homens.
O quinto e último estágio acontece por dois meses e incluem o Sheloshim. Nesse período as coisas já retornaram ao normal e o enlutado já consegue realizar negócios. Porém, ainda existe o sentimento ferido pela ruptura com o ente querido.
Ao fim desse último estágio, espera-se que o enlutado prossiga com o luto por um período de doze meses. Ou seja, que continue com o processo de luto até que esteja, de certa forma, curado e possa retornar para sua vida normal.
Vale ressaltar que, para os Judeus, o luto é um processo gradual e muito bem definido. Assim, seguindo os estágios da forma com se espera, a pessoa conseguirá seguir em frente da melhor forma.
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