O processo de luto é uma experiência universal e complexa que acompanha a perda de um ente querido ou uma mudança significativa em nossas vidas. A psicologia desempenha um papel crucial no auxílio daqueles que enfrentam o luto. Ela oferece estratégias para ajudar a processar emoções, encontrar significado e gradualmente se adaptar à nova realidade. Neste artigo, falamos sobre atividades para trabalhar o luto segundo a psicologia que podem auxiliar na jornada do luto, promovendo a cura emocional e a resiliência.
Em geral, quando falamos sobre atividades para trabalhar o luto, principalmente na psicologia, o foco é em luto infantil, com dinâmicas e recursos para trabalhar o luto das crianças. Entretanto, a perda de um ente querido é dolorosa independente da fase da vida. Portanto, separamos uma lista de atividades que podem ajudar a processar o luto. Leia mais abaixo!
Por que atividades para trabalhar o luto?
Falar em “trabalho de luto” remonta à obra do pai da psicanalise moderna. Ele mesmo, Sigmund Freud. A ideia é que o luto não pode ser apenas uma experiência passiva, em que nos deixamos levar pelo sentimento. Mas, sim, algo ativo. É necessário agir em relação ao luto. Por isso, um “trabalho de luto”.
O conceito é bastante explorado no livro Luto e Melancolia, um dos mais famosos livros sobre luto da história.
“De fato, uma das principais lições desse texto é a de que não basta que o objeto desapareça para que dele nos separemos. É necessário um verdadeiro trabalho psíquico de perda, chamado por Freud “trabalho do luto” – tarefa lenta e dolorosa através da qual o eu não só renuncia ao objeto, dele se desligando pulsionalmente, como se transforma, se refaz no jogo com o objeto”.
Tania Rivera, psicanalista e professora da Universidade Federal Fluminense, em Luto e melancolia, de Freud, Sigmund
1. Expressão Emocional
A expressão emocional é uma etapa fundamental no processo de lidar com o luto. Escrever em um diário, por exemplo, permite que os sentimentos sejam colocados em palavras, oferecendo um espaço para refletir sobre as emoções e os pensamentos que surgem.
Escrever cartas para a pessoa falecida, mesmo que nunca sejam enviadas, proporciona uma maneira de comunicar os sentimentos não ditos e manter um vínculo simbólico. A expressão artística, como a pintura, música ou dança, permite uma saída criativa para as emoções intensas, oferecendo uma forma única de processar o luto através da criação.
2. Grupos de Apoio
Os grupos de apoio são espaços seguros onde indivíduos podem compartilhar suas histórias, desafios e conquistas relacionadas ao luto. Ao ouvir as experiências de outras pessoas, portanto, os enlutados podem perceber que não estão sozinhos em seus sentimentos e podem aprender diferentes maneiras de lidar com a dor.
Além disso, a sensação de pertencimento a um grupo que compreende a jornada do luto pode reduzir a sensação de isolamento. Assim, proporciona-se uma rede de apoio valiosa.
3. Terapia Individual
A terapia individual com um profissional treinado em luto e psicologia pode ser altamente benéfica. A terapia cognitivo-comportamental, por exemplo, concentra-se em identificar padrões de pensamento negativos e substituí-los por perspectivas mais adaptativas.
O terapeuta pode ajudar a pessoa enlutada a compreender as emoções, explorar maneiras de lidar com a tristeza e promover estratégias para desenvolver resiliência emocional. Além da terapia mais “tradicional”, alguns psicoterapeutas também podem buscar trabalhar o luto por meio de terapia alternativas, como o uso da hipnose, por exemplo.
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4. Ritualização do Luto
Os rituais são uma parte integral da jornada de luto em muitas culturas. Criar um ritual pessoal proporciona uma oportunidade de homenagear a pessoa falecida de maneira significativa. Então, acender uma vela todos os anos no aniversário de falecimento, visitar um lugar especial associado a memórias felizes ou realizar um ato de caridade em nome da pessoa falecida podem ajudar a manter viva a lembrança.
Caso a pessoa tenha sido enterrada (não cremada), o próprio cuidado com a sepultara e a lápide é uma forma de ritualizar a experiência e trabalhar o luto. Outra ideia é construir um epitáfio para a pessoa.
5. Prática de Meditação
A prática de mindfulness e meditação envolve focar a atenção no presente, aceitando as emoções e os pensamentos sem julgamento. Isso pode ajudar a pessoa enlutada a evitar ficar presa em ruminações negativas sobre o passado ou ansiedade em relação ao futuro. Por meio dessas técnicas, é possível desenvolver um maior senso de auto compaixão e tolerância às emoções difíceis.
6. Voluntariado e Ações de Solidariedade
O envolvimento em atividades voluntárias ou ações de solidariedade em memória da pessoa falecida pode transformar a dor em algo positivo. A sensação de fazer algo significativo em honra à memória do ente querido pode proporcionar um senso de propósito renovado. Isso contribui para o processo de cura.
7. Estabelecimento de Metas Pequenas
Definir metas pequenas e alcançáveis ajuda a pessoa enlutada a estabelecer uma estrutura em meio ao caos emocional. Essas metas podem ser simples, como levantar-se pela manhã em horário regular, fazer uma caminhada curta ou manter uma rotina de cuidados pessoais. A conquista dessas metas diárias pode aumentar a autoestima e a sensação de controle sobre a própria vida.
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8. Natureza como Recurso Terapêutico
A natureza possui um efeito calmante e restaurador sobre a saúde mental. Passar tempo ao ar livre permite uma conexão com o ambiente natural, ajudando a reduzir o estresse e a ansiedade. Caminhar em uma trilha, praticar ioga ao ar livre ou simplesmente relaxar em um ambiente natural podem ser formas eficazes de encontrar tranquilidade durante o processo de luto.
9. Construção de um Memorial Criativo
Encerrando nossa lista de atividades para trabalhar o luto segundo a psicologia, a criação de um memorial criativo é uma atividade que permite honrar a memória da pessoa falecida de maneira única e significativa. Esta atividade envolve a elaboração de um projeto artístico, como um álbum de fotos, um scrapbook, um vídeo memorial ou até mesmo um jardim em homenagem à pessoa querida.
Ao selecionar fotos, objetos e lembranças especiais, a pessoa enlutada pode relembrar momentos preciosos e construir uma representação tangível do legado deixado pela pessoa falecida. A criação do memorial criativo é um processo terapêutico. Como tal, ajuda a canalizar emoções, lembrar a vida da pessoa de maneira positiva e criar um espaço de lembrança que pode ser revisitado sempre que necessário.
10. Expressão por meio da arte
No mesmo sentido do nosso tópico anterior, é possível realizar parte do trabalho de luto por meio da arte. Talvez você já tenha uma forma de expressão favorita. Pode ser que você goste de pintar, desenhar, cantar ou escrever poemas, por exemplo. Porém, mesmo que esse não seja seu caso, é possível descobrir uma nova maneira de se expressar.
Fazer algo novo é sempre desafiador, mas se desafiar a transformar seus sentimentos em relação à pessoa que se foi em algo escrito, por exemplo, pode ser uma boa primeira tentativa. Se você não é muito da poesia, então arrisque em um diário ou um texto corrido simples. Talvez, comece escrevendo sobre a sua história com aquela pessoa, os bons momentos, como um registro dessas memórias.
11. Autocuidado como trabalho de luto
Não é raro que o autocuidado seja sacrificado durante o trabalho de luto. Passamos a comer muito menos ou muito mais, abandonamos a prática de atividade física, nos tornamos descuidados com a higiene pessoal ou do lar… Esses são alguns exemplos, porém é provável que você consiga pensar em vários outros.
Este processo de abandono do eu pode ser uma dessas bolas de neve. Quanto mais abandonamos o autocuidado, mais fundo cavamos um buraco, que cada vez fica mais fundo. É algo traiçoeiro e que pode ser parte de uma história de luto patológico e do desenvolvimento de um quadro clínico. Um caminho para o trabalho de luto é, exatamente, ver as ações de autocuidado como parte do trabalho de luto.
Para algumas pessoas, por exemplo, pode funcionar pensar “como ela/ele [a pessoa perdida] gostaria que eu estivesse?”. Aos poucos e passo a passo pode se tornar possível ver as atividades que nos fazem bem como parte da missão de trabalhar o luto. Uma caminhada por dia, uma boa refeição feita com cuidado e carinho, escolher uma roupa bonita para ir ao mercado… Tudo isso é parte do processo.
Atividades para trabalhar o luto de acordo com a psicologia | Considerações Finais
A jornada do luto é única para cada indivíduo, mas as atividades fundamentadas na psicologia podem oferecer um suporte valioso nesse processo. Ao expressar emoções, buscar apoio, praticar mindfulness, criar rituais pessoais e adotar estratégias positivas, é possível enfrentar a dor de maneira saudável e encontrar significado em meio à perda.
Essas atividades não apenas facilitam a cura emocional. Também, promovem a resiliência, permitindo que a pessoa enlutada gradualmente se adapte à nova realidade e construa um futuro com esperança e positividade.
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