Quando perdermos alguém, é natural passarmos por uma série de sentimentos, mas nem sempre é fácil entender exatamente quais são essas etapas. Mas uma teoria desenvolvida pela psiquiatra Elisabeth Kübler-Ross ganhou muita relevância nos últimos: as famosas fases do luto (ou estágios do luto).
Todos os detalhes sobre essa teoria, criada no século 20 com o livro “Sobre a morte e o morrer”, promovem debates e discussões até hoje. Tudo isso porque Elisabeth acompanhou as reações psíquicas de cada paciente do seu projeto para definir cada um dos estágios do luto que precisamos passar.
O que acha, então, de conhecer cada uma das 5 fases de luto e como lidar com elas? Continue a leitura e tire todas as suas dúvidas sobre o assunto!
Como e quando surgiu a teoria das fases do luto?
Como falamos acima, a teoria das fases do luto foi apresentada pela primeira vez em 1969, no livro “On Death and Dying”. A autora é a psiquiatra Elisabeth Kübler-Ross. Ela desenvolveu essa teoria baseada em suas observações de pacientes terminais e suas respostas emocionais à morte iminente.
A psiquiatra identificou um padrão comum nas reações dessas pessoas e organizou essas reações em cinco estágios distintos. A ideia principal dessa pesquisa era fornecer uma estrutura que ajudasse a entender melhor o processo de luto. Assim, a autora buscava apoiar aqueles que estão passando por essa experiência dolorosa.
Quais são os 5 estágios do luto?
Os cinco estágios do luto são negação, raiva, barganha, depressão e aceitação. Mas quais são as características e as emoções associadas a cada uma delas? O primeiro passo é compreender essas etapas para enfrentar o luto da maneira mais saudável possível. Confira!
1. Fases do luto: negação
A primeira fase do luto é a negação. Nesse estágio, a pessoa pode ter dificuldade em aceitar a realidade da perda. A negação serve como um mecanismo de defesa temporário, permitindo que o indivíduo assimile a notícia de forma gradual. Na maioria das vezes, ele se recolhe e não quer falar sobre o assunto.
Frases como “Isso não pode estar acontecendo” ou “Não acredito que ele/ela se foi” são comuns. A negação ajuda a amortecer o impacto da perda, dando tempo para que a mente e o coração comecem a processar a situação. Em situações mais graves, as pessoas até mesmo evitam rituais de despedida, como velórios e enterros.
2. Fases do luto: raiva
Após a negação, muitas pessoas entram na fase da raiva. Esse estágio é caracterizado por sentimentos de injustiça e frustração. A raiva pode ser direcionada a si mesmo, a outras pessoas, ao falecido ou até mesmo a entidades divinas. É comum que isso se transforme em uma revolta com o mundo, se sentindo injustiçado.
Há um misto de sentimentos que envolve raiva, dor, culpa e também medo do que está por vir. A intensidade e a maneira como aflora pode variar muito. Mas é importante lembrar que a raiva é uma expressão natural da dor e, apesar de casos mais intensos, pode ser fundamental em alguns processos.
3. Fases do luto: barganha
A barganha é o terceiro estágio do luto, onde a pessoa tenta negociar ou fazer promessas em troca de aliviar a dor da perda. A pessoa pode fazer promessas a Deus ou outras entidades em um esforço para reverter ou minimizar a perda. Ou seja, uma tentativa de ganhar controle sobre a situação e encontrar sentido no que aconteceu.
Pode acontecer até com quem já aceitou a morte, em uma negociação para passar pelo luto de maneira tranquila. Algumas pessoas fazem promessas, trocando atitudes por um sentimento apaziguador.
4. Fases do luto: depressão
A depressão pode não necessariamente ser a condição de estado da saúde mental da pessoa que viveu uma perda. Aqui, falamos mais de uma tristeza profunda e sensação de vazio. Choro frequente, distúrbios do sono e perda de apetite são comuns de alguém que está sempre em melancolia.
Isso ocorre pela impotência do momento. A pessoa está triste porque perdeu um ente querido, sente sua falta e gostaria de ter mais tempo com quem já se foi. De maneira geral, é normal e faz parte do processo. Mas, se for prolongada, é importante buscar ajuda de psicólogos e psiquiatras para ajudar a passar por essa fase.
5. Fases do luto: aceitação
A aceitação é a fase do luto em que o indivíduo não vive mais o desespero em relação à perda e se torna capaz de enxergar a realidade com clareza. Há agora a sensação de estar ficando pronto para enfrentar o futuro com a morte da pessoa. Não é que exista luto passado, mas fica mais fácil expressar as emoções e as frustrações.
Também é importante entender que a aceitação não significa que a dor da perda desapareceu. No entanto, a pessoa encontrou uma forma de conviver com ela. É um momento de ajustamento e reconstrução, onde se começa a buscar novas formas de viver e lembrar do falecido com mais serenidade.
Todo mundo passa por todas as 5 fases? Sempre nessa ordem?
Embora os cinco estágios do luto ofereçam uma estrutura útil, é importante lembrar que cada pessoa lida com a perda de maneira única. Nem todos passam por esses estágios na mesma ordem ou com a mesma intensidade, principalmente pelo contexto e a realidade de cada pessoa.
Algumas pessoas podem pular etapas, enquanto outras podem revisitar certas fases várias vezes. O luto é um processo profundamente pessoal, e não há um jeito certo ou errado de passar por ele. Que perde um filho não vai lidar da mesma forma com quem perdeu alguém mais velho, como um avô ou avó.
Mas esse é apenas um exemplo de como o contexto pode ser fundamental para cada fase do luto. Em alguns casos, um mesmo estágio pode ser revisitado, mas não ser tão importante em outros cenários. Entender essa teoria é essencial, mas não pode ser levada ao pé da letra como uma receita de bolo.
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Existem críticas à teoria dos estágios do luto: o que dizem outros pesquisadores?
Apesar de sua popularidade, a teoria das fases do luto de Kübler-Ross não está isenta de críticas. Alguns pesquisadores argumentam que a teoria é muito simplista e não leva em conta a complexidade e diversidade das experiências de luto.
Estudos mostram que o luto pode ser influenciado por fatores culturais, religiosos e individuais. Tudo isso pode fazer com que as reações variem amplamente entre as pessoas. No caso do último ponto, o luto é diferente de acordo com a personalidade, a história de vida e o tipo de relacionamento com a pessoa falecida.
Ao mesmo tempo, a padronização proposta por Elisabeth acaba excluindo fatores culturais e religiosos. Afinal, as diferentes visões sobre religião, por exemplo, têm rituais e práticas variados para lidar com as emoções. Algumas focam em expressões em público, enquanto outras tratam esse momento de forma mais leve.
Além disso, a ideia de que o luto ocorre em estágios distintos pode levar a mal-entendidos. Por exemplo, a expectativa de que as pessoas devem seguir um “roteiro” específico para o luto. Pesquisadores contemporâneos sugerem que o luto é um processo mais dinâmico e fluido, onde as emoções podem variar de forma imprevisível.
Outras teorias sobre as fases e estágios do luto
Um exemplo é a psicóloga Margaret Stroebe, que propõe o Modelo de Processamento Dual do Luto. Este modelo enfatiza a oscilação entre enfrentar a perda e lidar com mudanças cotidianas. Essa teoria sugere que, em vez de seguir um caminho linear, as pessoas alternam entre focar na perda e nas tarefas diárias.
Outro ponto de vista é apresentado pelo psicólogo George Bonanno, que destaca a resiliência como uma resposta comum ao luto. Suas pesquisas indicam que muitas pessoas conseguem se adaptar e seguir em frente de maneira relativamente rápida e saudável, sem necessariamente passar por estágios específicos.
Mesmo com outros pesquisadores divergindo da teoria de Elisabeth, a teoria das fases do luto continua a ser vista como uma ferramenta para lidar com as respostas emocionais à perda. O fundamental, porém, é entender que se trata de uma experiência completamente individual e pode variar de acordo com o contexto.
Ao aceitar que cada pessoa tem seu próprio ritmo e modo de lidar com a perda, podemos criar um ambiente mais acolhedor e solidário para todos. E se você quer saber como fazer isso com alguém próximo que está passando por um momento parecido, o nosso e-book “7 dicas para lidar com a dor da perda” pode ajudar!